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'Estou vivendo na base de antidepressivo', diz vítima de motorista solto após ser condenado por estupro

Condenado a 8 anos e dois meses de reclusão, Edilson Florêncio da Conceição, conhecido como “Edilson Moicano” recebeu benefício de recorrer em liberdad...

'Estou vivendo na base de antidepressivo', diz vítima de motorista solto após ser condenado por estupro
'Estou vivendo na base de antidepressivo', diz vítima de motorista solto após ser condenado por estupro (Foto: Reprodução)

Condenado a 8 anos e dois meses de reclusão, Edilson Florêncio da Conceição, conhecido como “Edilson Moicano” recebeu benefício de recorrer em liberdade. Empresária vítima de estupro em Fortaleza fala de condições psicológicas após crime A empresária que foi vítima de Edilson Florêncio da Conceição, lutador e motorista de aplicativo condenado por estupro contra a passageira, relatou que teve várias crises de ansiedade antes se manifestar publicamente sobre o caso. Nesta segunda-feira (9), ele foi solto após receber o benefício de recorrer em liberdade. ✅ Siga o canal do g1 Ceará no WhatsApp Conhecido como “Edilson Moicano”, o homem de 48 anos também é lutador de Artes Marciais Mistas (MMA) e estava preso desde 19 de janeiro, quando foi flagrado por policiais militares enquanto atacava a vítima em um matagal perto do evento de onde a passageira tinha saído, em Fortaleza. Ele foi condenado a 8 anos e dois meses de prisão por estupro de vulnerável, pois a vítima estava alcoolizada. Ao saber da decisão pela soltura do agressor, a empresária Renata Coan Cudh publicou um vídeo questionando a medida. Após a repercussão, a empresária agradeceu o apoio de muitas mensagens recebidas (veja vídeo acima). E revelou que não está em condições psicológicas de ver todas as respostas. “Tem sido uma barra muito grande. Estou vivendo na base de antidepressivo, remédio para dormir. Ontem, antes de postar o vídeo, eu tive inúmeras crises de ansiedade, de pânico”, afirmou Renata nas redes sociais. Riscos para outras mulheres Empresária estuprada por motorista em saída de festa fala sobre soltura do condenado No primeiro vídeo, ela relatou ter sido vítima no caso que levou à condenação de Edilson Moicano, no dia 19 de janeiro. A empresária afirma que foi "sequestrada, violentada e estrangulada até quase a morte" por ele após pegar uma corrida por aplicativo para retornar para casa. No trajeto, o motorista desviou o veículo para um matagal e imobilizou a vítima com um golpe conhecido como "mata-leão". Quando acordou, ela já estava no matagal. A mulher recobrou a consciência quando o agressor estava cometendo o estupro, enforcando a vítima e dizendo que iria matá-la. Para a empresária, a soltura do condenado trará riscos para ela e outras mulheres, que podem passar pela mesma situação. "Tudo que eu queria nesse momento era ter paz e tranquilidade. Mas como que eu vou ter isso sabendo que o cara está aí nas ruas? Eu faço esse vídeo expondo a minha dor, não somente por mim, mas por todas as mulheres desse mundo. Porque uma coisa eu tenho certeza: eu não era a primeira, eu não ia ser a última, e se não fosse eu naquela noite, seria outra mulher. E talvez essa mulher não estaria aqui, contando isso para vocês", disse a vítima. Renata relatou, ainda, que tentou mostrar que estava bem nas redes sociais enquanto ela e a família sofria em silêncio, evitando a exposição. LEIA TAMBÉM: Motorista de app condenado por estuprar passageira em Fortaleza é solto por ordem de juíza Em nota, a equipe jurídica da empresária manifestou repúdio à decisão que concedeu liberdade a Edilson. “Renata foi silenciada em seu corpo, mas não em sua alma. Sua indignação pública diante da soltura de seu agressor não apenas comove, mas representa a voz de milhares de mulheres que sequer conseguem mais gritar. Sua coragem é um grito coletivo. Sua dor, um clamor por Justiça”, diz o texto. Conforme a defesa, a soltura do agressor ignora “não só os elementos probatórios robustos, como também a dignidade da vítima e o imperativo ético de proteger mulheres da revitimização institucional”. A vice-governadora do Ceará e secretária estadual de Proteção Social, Jade Romero, comentou a decisão judicial e expressou solidariedade ao relato de Renata. "A dor da Renata é de todas nós, mulheres. Mas deve ser também a dor de toda uma sociedade que diariamente vivencia a impunidade da violência de gênero. Somente com esforços conjuntos, de homens e mulheres, daremos respaldo legal para decisões mais duras e para construir culturalmente uma sociedade que respeite e proteja a todas nós. À Renata, meu abraço e minha solidariedade. Você não está sozinha. A todas as mulheres, reforço: nossa luta é coletiva", disse Jade. Julgamento Edilson Florêncio da Conceição, conhecido como Edilson "Moicano", foi preso por estuprar uma mulher na saída de uma festa em Fortaleza. Instagram/ Reprodução No julgamento, ocorrido no início deste mês, a juíza Adriana Aguiar Magalhães, titular da 5ª Vara Criminal de Fortaleza, condenou Edilson a 8 anos de prisão por estupro de vulnerável, pois a vítima estava alcoolizada, e 2 meses de detenção por resistir à prisão. Como Edilson já estava preso há 4 meses e 12 dias, o prazo para o cumprimento da detenção por resistência já foi cumprido, restando a 7 anos, 9 meses e 18 dias de prisão, a ser cumprido inicialmente em regime semiaberto. Apesar da condenação, a juíza permitiu que Edilson Moicano recorra ao processo em liberdade, por ser réu primário e possuir bons antecedentes. O relaxamento da prisão do lutador foi emitido na última sexta-feira (6). "Concedo ao réu o direito de recorrer em liberdade, em razão de sua primariedade e bons antecedentes, que o autorizam a aguardar o desfecho de eventual recurso em liberdade", diz um trecho da decisão da juíza Adriana Magalhães. A defesa de Edilson, feita pela advogada Carolina Dantas Azin Rocha, disse que embora o crime cometido por ele seja classificado como hediondo, a fixação da pena deve observar os princípios constitucionais da legalidade, proporcionalidade e individualização da pena. "Ressalta-se que essa decisão não representa absolvição nem impunidade, mas o estrito cumprimento da legislação brasileira. Trata-se do respeito ao devido processo legal, com possibilidade de reexame pelas instâncias superiores, como previsto no ordenamento jurídico. A defesa técnica continuará atuando com ética, responsabilidade e respeito à dor da vítima, reafirmando que a verdadeira justiça deve ser feita com base na lei e não movida por reações emocionais ou pressões sociais", disse em nota a advogada Carolina Dantas Azin Rocha. Prisão Edilson foi preso no momento do crime, por policiais militares que patrulhavam na região e estranharam a presença de um veículo parado no meio da vegetação. Em depoimento, os policias relataram que quando chegaram próximo ao carro, encontraram a mulher gritando e chorando bastante, tentando se desvencilhar do suspeito. Durante as buscas no veículo, uma faca foi localizada. No momento da prisão, Edilson ainda tentou fugir correndo e resistiu. Foram necessários três agentes para conseguir algemá-lo. Ele foi conduzido à Delegacia de Defesa da Mulher, onde foi autuado em flagrante pelo crime de estupro. Durante a Audiência de Custódia, o suspeito teve a prisão preventiva decretada. Motorista condenado por estupro em Fortaleza é solto pela Justiça Assista aos vídeos mais vistos do Ceará: A